'Me assumir lésbica custou a cegueira de um olho e metade da audição', diz Angela Ro Ro





"Sou carnaval. Minha alma é suada de carnaval", diz Angela Ro Ro, ao Diario, para se definir diante do desafio de se adequar à impessoalidade das telas de celular nas lives. "Não consigo ser tecnológica. Não sou da geração internet, não sei mexer muito bem. O público dessa vez não está perto carnalmente, não trocamos as gargalhadas, as emoções, o calor. Eu fico tensa, canto, falo, ofereço meu humor e amor. Posso prometer também meu pianinho mediano e minhas músicas que considero bonitas. É uma sensação muito diferente, mas estou muito feliz", admite a cantora e compositora, entre risadas em uma longa conversa por telefone marcada pela característica voz rouca e sotaque carioca que a fez "Ro Ro", anos atrás.

Angela se apresenta nesta sexta-feira (17), às 19h, no Em Casa com Sesc, transmitido no Instagram (@sescaovivo) e Youtube (/sescsp). A programação do festival segue neste fim de semana com shows de Elba Ramalho, acompanhada de Marcos Arcanjo e Rafael Meninão, no sábado, e Leci Brandão, ao lado de Marcus Boldrini, no domingo. A iniciativa acontece desde 19 de abril com apresentações diárias de importantes nomes da música brasileira, diretamente da casa dos artistas.

"A live tem tudo a ver com o início da minha carreira. Continuarei a celebrar os 40 anos desde o meu primeiro disco solo. São 40 anos de muita doidera, muito escândalo, muita alegria", afirma. O primeiro disco, lançado em 1979, exclusivamente com composições próprias e intitulado simplesmente Angela Ro Ro, tornou-se um clássico da MPB.

No repertório desta sexta, marcado pelo encontro da bossa nova com o rock, a cantora promete os clássicos como Amor, meu grande amor e Gota de sangue, além de Só nos resta viver, Fogueira e outros sucessos compostos por ela que ficaram eternizados nas vozes de Maria Bethânia, sua madrinha na música, Cazuza, Ney Matogrosso, Zélia Duncan, Ana Carolina, Barão Vermelho e As Frenéticas.

"Estou sempre Angela Maria. Angela Ro Ro é a artista. Eu vou apresentar um passeio pela minha carreira artística, que também coincide com meu caminho humano, pessoal. Nem tudo na minha obra é autobiográfico, mas é emocional", conta a artista, aos 70 anos. Como ponto positivo dos shows on-line, a cantora cita o fato de mais pessoas conhecerem o trabalho.

"Não sou nenhum Roberto Carlos ou Maria Bethânia. Eu tenho um público médio, porém sensível e emocional. E agora é uma sensação diferente. As lives também contam com um público que se arrisca também. É agregador né? Não precisa sair de casa, não precisa pagar…", ressalta. Mas confessa: "Eu nem vejo como fico na tela. Só olho para câmera e canto, não consigo ficar fazendo pose. Se me olhar, vou ficar preocupada com a careca e tenho que prestar atenção para as coisas que estou fazendo."

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